quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Boneca de porcelana - A exigência da beleza


“Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Não, senhor, sim, senhor”
Admirável Chip Novo - Pitty

“- Você está horrível, está com cara de doente sem maquiagem. Vai lá passar alguma coisa nessa cara para ver se melhora.
E assim iniciou mais um dia, por um segundo eu achei que era surreal, apenas pensamento, mas não. Era ele, todo poderoso e sentindo-se dono da beleza e da verdade.
Parei por um segundo, olhei todos ao redor – sim, estávamos às claras no meio de todos – dei um sorriso meio amarelo, meio sarcástico e disse:
-Não, não quero, não posso e não vou.
O ambiente ficou estranho e ninguém ousou emitir um som, um sorrisinho de fundo ou mesmo uma palavra de consternação diante da cena totalmente desnecessária.
Passei o dia assim, realmente não fui passar o batom ou a famosa ‘massa corrida’ que insistem que devemos passar.
Na hora fiquei com raiva, afinal quem não ficaria? Ser chamada de horrível assim na frente de todos apenas por não cumprir um padrão de beleza que extingue todas nós do que realmente somos. Quem não ficaria por tentarem te ofender por você não se render a uma indústria de beleza que nos impõe um padrão inatingível e nos força a comprar produtos, a não comer isso, a não falar aquilo, a vestir isso outro.
Mas depois, depois eu fiquei incrédula mesmo. Como alguém ousa julgar você pelo que ele acha que você deveria parecer, se fosse na minha época de ‘solteira’ ainda surgiria a brincadeira: “Depois não sabe porque não arranja namorado!” como se eu fosse obrigada a seguir as regras de uma sociedade hipócrita e machista.
-Não! É a palavra da minha assertividade. Não, é a minha atitude.
E no fim, o que resta é esse sentimento de me sentir linda, de sentir que estou no caminho certo, em paz com minhas palavras e atitudes, não que eu não me arrume quando EU quero, mas por saber que eu tenho SIM liberdade de ser bonita do jeito que eu sou, independente dos olhos que me vêem.
Afinal, o que eu preciso mesmo para realizar o meu 
trabalho é da minha inteligência – sem falsa modéstia e com muito trabalho e estudo – eu tenho. 
Beleza? Essa é fácil, A GENTE ATÉ COMPRA.


1 comentários:

Rodolpho Padovani disse...

Pessoas assim são o que eu considero pobres de espírito, burras até, para usar um vocabulário mais escancarado, são aquelas pessoas tão infelizes com a própria vida que buscam problemas inexistentes na vida dos outros para tentar corrigir. São essas pessoas também, aquelas que merecem nossa indiferença, afinal, essa é maneira mais sutil de se desprezar alguém.
Tenho orgulho de você ser uma pessoa que percebe que seu valor vai além da mera aparência, das cobranças banais de uma sociedade que vive apenas na superfície. Mantenha seu "não", sua cabeça erguida e não perca tempo com mediocridades.

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